Autobiografia 3

   Como é possível ver, ia a muitos jogos. A verdade é que eu gostava mesmo daquilo.

   Encontrei estas fotos com o meu pai, antes de um jogo, a aquecer juntos.

   Ele estava sempre presente e ajudava-me a melhorar as minhas capacidades.

   Vários meses depois, o meu pai decidiu voltar para Espanha porque em Portugal não ganhava muito dinheiro.

   Com a sua ausência, muita coisa mudou.

   Como referi anteriormente, tinha ido para uma escola perto de casa, mas no segundo ano tive de mudar. Fui para uma nova escola perto do trabalho dos meus avós, para que eles me pudessem levar e buscar. Esta foi uma das consequências de o meu pai ter ido embora.

   Outra foi a minha falta de motivação no basquetebol. No terceiro ano deixei a minha equipa e só ganhei coragem para voltar a treinar há poucos anos atrás.

   Bem, o início na nova escola foi um bocado complicado. Foi outra vez um novo começo. Ninguém me conhecia, então não estavam habituados aos meus "erros" a falar português. Como misturava o espanhol com o português, costumavam gozar comigo. No começo passei muito mal, mas acostumei-me a isso e comecei a rir-me com eles, nessas situações.

   Hoje em dia, quando me sinto magoada, também riu ou reajo com ironia.

   Nessa jornada em Espanha, o meu pai conheceu um amigo que ia tentar melhorar a sua vida no Luxemburgo.

   Graças a esse amigo, hoje tenho uma vida privilegiada porque o meu pai largou tudo e foi à procura de uma melhor oportunidade, nesse país tão rico.

   Bem, como podem imaginar, sem o meu pai, eu passava muito tempo em casa. Na Venezuela estava cheia de primos com a minha idade, mas aqui em Portugal, no máximo, tinha uma prima quinze anos mais velha que eu.

   Devido a isso, aprendi a brincar sozinha e a gostar de passar tempo comigo mesma.

   Agora era muito raro ir passear, mas a minha mãe e o meu tio às vezes levavam-me à praia, piscinas e praias fluviais. Também iamos a encontros de orgulho venezuelano juntos.

   O irmão da minha mãe, nessa altura andava a estudar na universidade de Coimbra, então só vinha em alguns fins de semana. Ele foi uma grande influência para mim. Era como um ídolo. Tudo o que ele fazia, comia e ouvia, eu também queria. Foi por causa dele que comecei a ter aulas de bateria e a ter gosto pela música. Ainda hoje toco bateria e adoro meter uma playlist dos anos 2000. 

   Ele também estava sempre a jogar Wii e viciou-me naquilo. Hoje em dia ninguém me bate nos jogos da Wii. Ele tirava os jogos da net, então tenho uma variedade enorme de jogos e como não tinha familiares para brincar ou muitos amigos para sair, passava as férias todas da minha infância a jogar Wii.

   Também foi ele que me tornou uma enorme fã da cultura nerd. Adoro Star Wars, The Lord of the Rings, Marvel, Dc Comics. Não só via os filmes com ele, como também lia as bandas desenhadas que ele tinha.

   Sim, sempre que tenho tempo leio algum livro de ficção ou banda desenhada. Antes lia e via televisão em espanhol, é por isso que sou fluente na língua, porque o único que ainda fala espanhol é o meu pai e raramente estou com ele. O meu pai nunca aprendeu a falar português, é mesmo muito difícil para ele, mas eu domino bem as duas línguas, mas foram precisos muitos anos de estudo para chegar ao nível em que estou agora.

   Os espanhóis dobram tudo, era por isso que eu tinha a televisão em espanhol e via filmes dobrados. A falta de contacto com o inglês, na minha infância, deixou marcas no meu percurso. Hoje em dia já me safo lindamente em Inglês, mas isso foi um trabalho individual que fui fazendo. Durante a escola, só atingia as notas que tinha porque decorava os processos gramaticais, mas não os percebia, muitas das vezes.

   Comecei a ver filmes e séries e a ouvir podcasts em inglês e, aos poucos e poucos, fui melhorando imenso.

   Ao aprender português foi quase o mesmo. Não foi nas aulas de língua portuguesa que eu evoluí, foi na interação com os meus amigos e no meu empenho em casa. Nos trabalhos de casa, ninguém me conseguia ajudar, então desenvolvi um trabalho autónomo em que consultava o dicionário para não cometer erros ortográficos. Fui organizando o meu trabalho escolar e a ultrapassar problemas sozinha e o facto de ter começado muito nova a dedicar-me autonomamente à escola, fez de mim o que sou hoje.

   Não há muito que contar sobre os meus anos escolares e como acabei de falar da minha evolução em criança, deixo aqui algumas das minhas fotos anuais, desde a pré-primária até ao terceiro ciclo.

   No meio destes acontecimentos todos ocorreu a minha primeira comunhão. Só andei na catequese para manter contacto com os meus amigos do primeiro ano. Depois da terceira comunhão, nunca mais meti lá os pés!

   Perdoem-me, mas não achava muita piada à catequese.

   Outra coisa que também fiz durante esse tempo foi experimentar aulas de dança. Estive dois meses no ballet, mas não gostei.

   Fui, então, para um grupo de dança livre, em que fazíamos um bocado de cada tipo de dança.

   Neste grupo, conheci a Gabriela Morgado, uma das minhas melhores amigas, desde a infância.

   Todos os momentos que tenho a dançar são com ela!

   Desde então que somos muito amigas, ela é como uma irmã para mim!

   Nadar, jogar basquetebol, dançar ou tocar bateria não eram os meus pontos fortes, era o canto!

   Deixo aqui uns vídeos engraçados.

   Outro dos meus talentos é trabalhar com cabelos. Adoro fazer penteados, esticar ou encaracolar o meu cabelo e até cortar o cabelo ao meu pai e mãe.

   Deixo aqui umas fotos do corte que fiz à minha mãe e vídeos do do meu pai.

Ganhei um irmão:

   Para compensar a falta de familiares próximos com a minha idade, eu queria um irmão. Estava constantemente a insistir com os meus pais e, um mês antes de fazer 10 anos, o meu irmão nasceu.

   Se eu queria que fosse um menino? Não vou mentir, queria mesmo!

   Queria um menino que visse comigo os filmes da Marvel e de Star Wars, que jogasse comigo Wii, que fizesse desporto e que se aventurasse como eu. Sorte a minha, porque foi mesmo isso que eu tive!

   A melhor parte de ter um irmão é que podemos dividir as tarefas cá de casa! (brincadeira)

    Após o nascimento do meu irmão, o meu pai começou a vir mais vezes visitar-nos.

   Com o dinheiro que ele ia ganhando no Luxemburgo, dava para passar uns dias de férias em família e é essa parte que vou contar agora.

   A primeira viagem que fizemos foi para a Venezuela, quando o meu irmão tinha nove meses.

   Aquilo lá foi incrível! Em um mês fizemos tantas coisas divertidas e visitamos muitos locais fantásticos, fomos a várias festas latinas, passamos uns dias em piscinas e outros nas praias. Não é só a água do mar que era quentinha, a da chuva também, tanto que até cheguei a tomar banho na chuva!

   Ainda não tive a oportunidade de voltar à Venezuela, mas adorei cada minuto que estive lá e tenho muitas saudades do país e da minha família.

   Nessa viagem à Venezuela, consegui ver uma última vez o meu bisavô que morreu o ano passado com cento e catorze anos, aquele homem era extraordinário!

   Uns meses depois, fomos ao casamento do meu tio favorito! Foi o único casamento que fui, até agora.

   O meu pai não pode estar presente, mas foi bom na mesma.

   No verão seguinte, fomos passar outras férias, mas desta vez fomos a Espanha. Estivemos em três parques diferentes de diversões e entretenimento com animais. Foram umas férias tão boas! As fotos falam por sí.

   Um ano depois, fomos à Disneyland em Paris. Foi um sonho tornado realidade.

   Ficámos num hotel dentro do parque, por isso tínhamos vários privilégios. Um deles era poder utilizar o parque antes de abrir. Tínhamos hora e meia antes de haver uma multidão inteira nas filas das diversões.

   Andei em todas as diversões, até naquelas em que eu não estava autorizada a entrar, por falta de altura e/ou idade.

   Se sou muito corajosa? Sim, eu considero que sim!

   Nestes últimos anos vim a fazer várias viagens em família, mas estas foram as minhas favoritas.

Adolescência:

   Ao contrário de mim, o meu irmão teve a sorte de ter um primo dois anos mais novo e uma prima ainda bebé.

   Eu quando era criança, cresci sozinha. Isso revela-se muito agora, na minha adolescência. Os meus amigos notam a minha independência e capacidade de me desenrascar em situações complicadas.

   Aliás, eu estou tão habituada a estar sozinha, que muitas vezes vou para a cidade de Aveiro sozinha, e sento-me sozinha numa mesa num centro comercial a almoçar. Por exemplo, a minha paixão pelo cinema é tanta que eu costumo ir ver as estreias sozinha, para não ficar à espera da disponibilidade de alguém.

   A verdade é que eu gosto muito de ver séries e filmes. Devido a isso, o meu apontamento de notas no telemóvel está cheio de pastas com nomes de vários filmes, séries e livros com frases que me tocaram de alguma forma. Tenho este hábito de "colecionar" frases marcantes, mas também coleciono notas de outros países e Funko Pop Figures.

   Isto para dizer que tenho nos meus apontamentos a seguinte afirmação: "Se te sentes sozinho quando estás sozinho, então estás em má companhia".

   Bem, a verdade é que eu concordo plenamente com isto. Eu não me sinto desconfortável em estar sozinha porque gosto da minha companhia, gosto de mim mesma.

   Assim como estou habituada a estar sozinha, também estou habituada a mudanças.  

   No 8º ano recomecei os treinos de basquetebol, já estava com muitas saudades do ambiente e de jogar com a minha equipa. Já estou há sete anos neste desporto!

   Desde então que mudei de clube várias vezes: comecei no Grupo Desportivo da Gafanha (GDG), depois fui para a equipa de Aveiro (Galitos) e ainda estive na de Ílhavo (Illiabum). Agora estou de volta às origens, no meu clube do coração, o GDG.

   Recentemente, transferi-me e vim para outra escola, no meu último ano de secundário. Mas estas mudanças não foram nada comparadas às que contei anteriormente.

   A minha família preparou-me para estar acostumada a mudanças. Durante as férias de verão, normalmente vou a retiros e acampamentos de verão. Fazemos muitas atividades e criamos fortes laços. Os objetivos principais são: ganhar independência, passar por experiências novas e se relacionar com pessoas distintas.

   O habitual é envolver-me sempre muito bem e integrar-me facilmente no grupo, mas há dois anos atrás foi mais complicado porque o acampamento foi em Espanha. Os meus pais disseram-me que serviria de preparação para o futuro, em que vou ter de ir estudar ou trabalhar para o estrangeiro e, por isso, é importante saber-me defender sozinha.

O primeiro dia foi chato, mas como aquilo era um acampamento de basquetebol, no segundo dia começamos os treinos, e eu consegui criar relações em campo.

   Isto tudo faz-me parecer uma pessoa confiante e com uma vida muito boa, mas sofri muito durante o secundário. Ou melhor, sofro. Há quase um ano que estou a ter duas sessões virtuais por mês com uma psicóloga de Lisboa, amiga da minha madrinha. Ainda não me sinto confortável em falar sobre este assunto, mas digamos que o ambiente familiar cá em casa não é muito agradável. Apesar de tudo, já estou bastante mais "estável" do que estava há um ano atrás.

   Só ando a ter duas sessões por mês este ano, porque o ano passado tinha todas as semanas. Agora ando com o tempo reduzido porque estou a trabalhar aos fins de semana, e com as explicações, aulas de código e treinos, não me sobra muito tempo.

   Se há algo que me deixa com bastante ansiedade é pensar no futuro. Isto de ir a acampamentos de verão é tudo muito giro, mas pensar que só faltam meses para acabar o secundário? Ai tantos ataques que já tive!

   O pior é que ainda não consegui decidir o curso, muito menos a universidade...

   Falta tão pouco tempo, como é que é possível!

   Só tenho certeza de uma coisa: o curso que escolher tem de estar relacionado com física. Já expliquei, num outro trabalho para o portefólio, que tenho uma paixão pela física desde nova.

   Enfim, para finalizar vou dizer uns factos sobre mim!

  • Adoro mascarar-me para o Halloween e Carnaval.
  • Gosto de lavar os dentes. Depois de comer vou escovar, esteja em casa, na praia, na escola ou numa visita de estudo.
  • Gosto de misturar doce com salgado: pizza com ucal, pipocas salgadas com M&M's de chocolate, batata frita com gelado, tremoços com cereais,...
  • Não gosto do meu dia de anos. A última festa que fiz foi a dos meus onze anos; depois disso, disse aos meus pais que não queria continuar a festejar, e assim ficou até hoje. Nem tive a famosa "quinceañera", uma celebração tao importante e popular para uma menina da Venezuela. O meu pai não estava cá nessa altura e não, portanto não fez diferença!
  • Sou tudo menos "um livro aberto". Tenho dificuldades em partilhar conteúdos da minha vida pessoal, principalmente se forem maus. Eu sei que todos nós ocultamos muitas coisas ao mundo, mas eu sou mesmo muito reservada e misteriosa.

Espero que esta "história de vida" vos tenha entretido o suficiente e que tenham gostado!

Obrigada pelo vosso tempo e beijinhos da vossa modelo favorita! :)

Rita Coelho - Costureira | © 2021
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